Se resolver usar meus textos para finalidades pessoais, por favor, tenha a delicadeza de citar a fonte.

Das imagens e as palavras

"A leitura responsabiliza muito menos que a palestra; e esta menos do que a imagem. Na imagem aparece a lógica do conteúdo com mais intensidade ."
(Agustina Bessa-Luis)


Mas, segundo nosso primeiro boçal, “as imagens não falam por si”.
Tá certo, alguém pode dizer que chega a ser covardia comparar o pensamento desprovido de qualquer refinamento de um analfabeto funcional com o de uma das mais consagradas escritoras da contemporaneidade portuguesa e, de fato, não é justo.
Recorramos então ao que diz a boca do povo (mesmo povo que supostamente confere ao tal boçal uma popularidade recorde de 80% de aceitação):
“Uma imagem diz mais que mil palavras”.

Aldo Masini

Desabrochar para a chuva

Invernou em pleno verão
E a garoa insiste, persiste
Molha os canteiros e as aves
Molha os caminhos por quê caminha
Molha seus cabelos
Molha meu olhar
Mas a sabia se chacoalha e volta a cantar
Os botões do canteiro,
Como que orvalhados
Em flores coloridas vão se abrir
Já seus cabelos vão se enrolar
E nos seus cachos embaraçar meus sonhos
Quem me dera fossem meus dedos a se enroscar
Talvez somente meu olhar os venha tocar
Mas que ele encontre também seus sorrisos
Que como os botões do canteiro
Esse versos façam desabrochar

Aldo Masini

É chuva também

É chuva sim
Pode molhar
Pode regar
pode fazer a sabiá se calar
pode fazer o menino correr

Se é serena; garoa
Mansa e calma
É chuva também
Molha devagar
Persiste
E, de tanto ser assim
Pode ser triste
A sabiá ainda canta
Já o menino lamenta

Se intensa e mais grossa
Na calçada
Vira enxurrada
Emborca o barquinho de papel
Mas o menino nem liga
Há todo um caderno pra sua esquadra
É chuva também
Lava o mundo por onde passa
Calçada, menino e barquinho
Rega o jardim e a árvore
Silencia a sabiá
Mas faz o menino sorrir

Quando chega carregada
Com cara de brava e poucos amigos
Tem nome de tormenta
Despeja águas e raios
Faz o menino correr
Escondido lá dentro de casa
Da janela vê os clarões
Das luzes dos trovões
Se admira com tanto poder
Que faz a sabiá também se esconder

No fundo (e no raso)
É tudo chuva
Água abençoada vinda do céu
Pode molhar
Pode regar
Pode fazer sorrir
Pode fazer chorar
Depende só
De como você a sente


Aldo Masini

Amo a Chuva

Amo a chuva e a tempestade,
Penso terem elas a ver com meu espírito
Talvez minhas turbulentas inconstâncias
Minhas idéias revoltas
E pensamentos inquietos, trovejantes
Talvez encontrem par noutra porção
Porção não menos minha
daqueles momentos de reclusão
Tão típicas após o aguaceiro
São as horas de recolhimento
Cujos silêncios só são quebrados
Por cantos de pássaros molhados
E gritinhos de crianças saltando poças

Aldo Masini

Se ainda restavam dúvidas...

Acordão enterra caso Sarney e abre crise no PT
Inconformado com orientação do partido, Flávio Arns anuncia desfiliação e demais petistas criticam líder

Com os votos dos três representantes do PT, o Conselho de Ética absolveu ontem o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o líder dos tucanos, o senador Arthur Virgílio (AM). O arquivamento de todas as denúncias e representações, que fazia parte do "acordão" selado na semana passada entre líderes governistas e a oposição, abriu uma crise sem precedentes na bancada petista. Flávio Arns (PT-SC) avisou que vai deixar o partido. Horas antes, a senadora Marina Silva (AC) também anunciou que estava saindo do PT (veja na página A14)."O PT jogou a ética no lixo e vai ter de achar outra bandeira. O partido deu as costas para a sociedade e para o povo", disse Arns ao anunciar que deixará o partido. A posição petista, totalmente submissa à orientação do Planalto, que mandou votar a favor de Sarney para preservar a aliança com o PMDB para 2010, foi o destaque da sessão do conselho.

O Estado de S. Paulo - 20/09/09

Se restavam dúvidas sobre quem o PT optaria por trair, seus eleitores e militantes ou seus pares na bandolagem, os obedientes senadores (com “s” em minúsculo sim, como minúsculas são tais pessoas) trataram de dirimir.
Em ato de submissão e comcupiscência nojentas, atenderam à voz pastosa de seu mandatário e assinaram o salvo conduto para que o senhor feudal Sarney e familia continuem tratando o público como privado.
Colocaram-se de quatro e se apressaram em jogar na vala comum a história de luta pela verdade que sempre foi o estandarte da militância petista.
Parabéns, hipócritas prostituidos, vocês deram o tiro de misericórdia no moribundo PT, jazente na UTI desde os primeiros sinais de que a máscara de verdade afrouxava na cara cínica de Lula.

Aldo Masini

Gripe suína x loira do banheiro

Caríssimos, caríssimas
Tem alguns manés divulgando um e-mail de uma conversa entre o Zé e a Maria Ninguem os quais seriam supostamente amigos dos amigos de não sei quem, que sabem por meio de sei lá que fonte, que morreram sei lá quantas pessoas de gripe suína e que o Governo estaria escondendo tais números para não nos causar pânico.
Pergunto, não basta o papelão de nossos senadores pra nos causar pânico suficiente?
Desse jeito é mais fácil morrermos de ignorância!
Ah, dêm um tempo.

Aldo Masini

Bolsa de Invalores

Então nossos excelentíssimos senadores precisam primeiramente sentirem-se ameaçados para só então apontarem as falcatruas que conheçam de seus pares?
E eu achando que eles estavam lá para representar os Estados que os elegem, protegendo o cidadão de eventuais abusos de poder.
Só falta agora criarem uma bolsa do rabo preso.
Olha que idéia maravilhosa. Transformar a pilantragem em commodity com pregão eletrônico e tudo.
“Troco uma gravação autorizada do excelentíssimo fulano contratando por ato secreto o namorado de sua neta, por um dossiê dos últimos 3 anos da vida do excelentíssimo sicrano”.
Ah sim, haveriam também aquelas equivalentes às ‘blue ships’. Imaginem o valor de uma cópia da declaração de bens do primeiro filho?
Isso mesmo, aquele que da noite pro dia se tornou um dos maiores pecuaristas do país.
Essa porém teria de ser negociada depois do por do sol, em segredo, afinal o tema enriquecimento do primeiro filho é assunto há muito censurado pelo próprio papai ditador.
Essa semana seria ideal para realização de ativos. Depois das ameaças da chamada tropa de choque (pessoalmente prefiro resto da quadrilha), as informações da matilha, digo, família Sarney atingiriam máxima valorização e poderiam ser negociadas com ágios extorsivos, afinal, na bolsa do rabo preso, ninguém mais é dono do próprio rabo. Assim, melhor segurar o de alguém, já que não se sabe que mãos seguram o seu...

Aldo Masini

Quanto vale o "apoio" de Sarney para Lula?

Planalto minimiza nota do PT e reafirma apoio a Sarney no Senado
Lula desautoriza Mercadante e diz que documento cobrando licença do aliado não reflete posição do partido
O Estado de S. Paulo - 28/07/2009


Preocupado em perder o apoio do PMDB na CPI da Petrobrás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desautorizou ontem o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP). Em reunião do grupo de coordenação do governo, Lula afirmou que mantém o aval ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e disse que a nota assinada por Mercadante na sexta-feira, reiterando o pedido de licença do aliado peemedebista, não reflete a posição do PT.

Será que o apoio de Sarney, mesmo emporcalhado de lama até os olhos, justifica diminuir os senadores petistas desfazendo de seu posicionamento politico e pessoal aquilatando-os a um detalhe de menor importância?
Pensemos um pouco.
Genoino e Zé Dirceu, homens de confiança e amigos pessoais de Lula (se é que mentirosos compulsivos tem amigos) não receberam tal apoio incondicional, e olha que a situação de ambos nem era tão desgraçada quanto a de Sarney. Por que então essa predileção pelo coronel do Maranhão?
Considerando a matreiragem de Sarney e a forma veemente com que Lula o defende, reiterando seu desrespeito e descaso com a Constituição ao atribuir ao presidente do Senado a condição de homem acima da Lei, não seria de extranhar qualquer conclusão que apontasse para um giantesco rabo preso de Lula pelas mãos sujas de Sarney.
Somando-se aos conchavos, a desfaçatez e a megalomania de Lula, bem como o pouco caso que este demonstra para com a opinião dos eleitores, que merda tamanha seria essa que ele quer tanto e a tamanho custo esconder?
Penso mesmo que toda a pilhagem da familia Sarney ainda vai acabar por parecer brincadeira de menino quando as verdades sobre o “Capo di tutti i capi” Lula começarem a surgir.


Aldo Masini

Ventos de Julho

Já é julho
As tardes estão mais frias
As noites mais longas
Pessoas caminham rápidas
Encolhidas em seus casacos
Fogem do vento
O mesmo vento que me faz invejoso
Toca seus cabelos e os faz esvoaçar
Os acaricia como igual não posso
Os desarranja como jamais farei
Os penteia ao seu proprio modo
Os deixando, insolitamente, ainda mais bonitos
Você então os tenta tirar do rosto e sorri
Sorri para o vento um sorriso que já não vejo
Teria ele, o vento, de proposito
Remexido seus cabelos para esconder,
Só para si, os seus sorrisos?
Se tal motivo egoísta o move
O abraço como um igual
Também eu desejo tais sorrisos só para mim
Se assim fosse
Eu não teria mais pressa
As tardes seriam menos frias
As noites menos longas
Já é julho, novamente

Aldo Masini

"governabilidade" apoiada na bandalha

Fatos:
Sarney oculta da Justiça Eleitoral casa de R$ 4 milhões
Imóvel localizado em área nobre do Lago Sul não foi incluída na declaração de bens do presidente do Senado
O Estado de S. Paulo – 03/07/09

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ocultou da Justiça Eleitoral a propriedade da casa avaliada em R$ 4 milhões onde mora, na Península dos Ministros, área mais nobre do Lago Sul de Brasília. De acordo com documentos de cartório, o parlamentar comprou a casa do banqueiro Joseph Safra em 1997 por meio de um contrato de gaveta. Em nenhuma das duas eleições disputadas por ele depois da compra - 1998 e 2006 - o imóvel foi incluído nas declarações de bens apresentadas à Justiça Eleitoral.

Lula deve garantir apoio a Sarney durante encontro nesta 5ª
Para o governo, a permanência de Sarney, é essencial para as votações e fundamental na aliança para 2010
O Estado de S.Paulo - 03/07/09

BRASÍLIA - O encontro programado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cujo horário ainda não foi confirmado, caminha para uma solução do impasse e manutenção do peemedebista no cargo. Para o governo, a permanência de Sarney, envolvido em denúncias de irregularidades no Senado, é essencial para as votações de interesse do governo na Casa e fundamental na aliança eleitoral para eleger a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à sucessão de Lula. Por isso, a avaliação de ministros e de petistas interlocutores de Lula é de que o esforço do presidente no encontro será o de garantir apoio do governo a Sarney.

Conclusão:
Lula está mais preocupado em aparecer junto à comitiva campeão da Copa do Brasil do que com a limpeza no Senado.
Para um fanfarrão como ele, cujas palavras não se deve escrever, nada mais normal do que acobertar (por decreto) as bandalhas de seus pares, afinal, não é a primeira vez que isso ocorre.
Num discurso tipico de um aprendiz de ditador terceiromundista, declara que Sarney está acima da Constituição e que pelo simples fato de ser fundamental à “governabilidade” (leia-se plano de poder megalomaniaco), tem carta branca para fazer o que bem entender.
Para quem ainda conserva os valores ligados à ética e honestidade, fica claro que daquele lider sindical de discurso calcado na retidão de postura, nada sobrou, talves nunca tenha havido. O certo é que alguns homens honestos que acredito ainda existam no PT, vêm sendo rebocados para a vala de sujidade, desfatez, hipocrisia, mentira e descaso com o eleitorado escavada por Lula.


Aldo Masini

Genes da covardia?

Bastou-me uma olhadela na primeira página dos principais jornais de hoje (se acaso resolver fazer o mesmo recomendo um Dramin com suco de maracuja forte antes) para me sentir completamente desolado.
O que fazer quando os coronéis (não me refiro aos militares ou aos de faz de conta de Dias Gomes) grilam as casas legislativas e fazem dos Poderes suas concubinas assentado-os em seus colos gordos como fazem com suas "sobrinhas"?
O que fazer quando até nomes em que ainda depositávamos alguma fé como Eduardo Suplicy e Cristovam Buarque também ostentam pantufas de lama?
O triste é que faremos nada, a não ser nos entristecer porque ao que parece, ser podre e covarde, mais do que já fazer parte de nossa cultura, está, a exemplo dos coronéis, grilando nossa genética.

Aldo Masini

Cortella, Moura e Bandeira - Bandeira, Moura e Cortella

Recente, um texto do senhor Cortella (grande sujeito, admirável na clara precisão de suas idéias) me pôs na direção do poeta mineiro Emílio Moura. Curioso, fui garimpar sua obra farta em jóias prontas.
Dentre elas encontrei a que abaixo transcrevo num ato de tríplice homenagem, que embora, convenhamos, singela, é absolutamente sincera, sem mascara, como me ensinou senhor Cortella.


FOI INÚTIL
Emílio Moura

"Estás em tudo que penso,
Estás em quanto imagino."
Manuel Bandeira

Entre nós dois, que puseram?

O mar, o rio, a floresta?
Levantaram tanta pedra,
levantaram tanto muro,
gritaram tantas palavras...

Mas, de que foi que valeu?

Que foi que valeu tudo isso:

O mar, o rio, a floresta,
tanto muro, tanta pedra,
e tantas, tantas palavras,
se estás em tudo que penso,
se estás em quanto imagino?

Aldo Masini

Legítima nostalgia

Conheço gente (novinha, jovenzinha) que certamente não me entenderia, ou minimamente me chamaria de nostálgico. Que seja.
Antevéspera do Dia dos Namorados e, noves fora o consumismo maquiado por presentes caros, bombons finos (aos Godiva porém me rendo), jantares glamorosos, motéis suntuoso transformando o valor monetário das coisas em símbolo de bem querer (coisificação do sentimento), continuo entendendo o namoro como a melhor fase de nossas vidas.
Mas não o namoro de hoje (ai entra a nostalgia), namoro de tempos velozes, urgências urgentíssima (essa expressão me dá até taquicardia), sexo rápido e performático. Sinto falta dos meus tempos de adolescente, tempos ingênuos das matinês no cine Festival em Pinheiros, dos passeios nas tardes de domingo, dos ires e vires de mãos dadas nos coletivos, dos beijos demorados entremeados de suspiros, da mão boba que roçava delicada os peitinhos da menina, do brilho nos olhares, das despedidas intermináveis no portão.
O que houve com tudo isso?
Ainda está em cada um de nós, basta deixar aflorar.
Não seria uma ótima sugestão de presente para o dia 12, Dia dos Namorados?
Pense nisso.


Aldo Masini

Ócio produtivo

Comecei a semana de trabalho falando de preguiça e algumas das coisas positivas que dela podem advir.
Mas, não há como falar de ócio sem nos lembrar de Domenico De Massi e seu “Ócio Criativo”.
O texto de De Massi defende que por mais que as máquinas evoluam, elas não serão capazes de criar artisticamente; apenas ao ser humano cabe criar arte e que por isso, no futuro, os trabalhos mais valorizados serão os artísticos.
Considerando o que diz Arthur da Távola sobre “instâncias criativas" (“há duas instâncias realmente criativas no ser humano, o ócio e o cio”), gostaria de iniciar essa sexta-feira, fechamento da semana de trabalho, retomando a questão da preguiça e te desejando um final de semana absolutamente criativo.
Curta o ócio e o cio. Faça arte.

Aldo Masini

Preguiça


Outra segunda-feira e... preguiça
Já tentei excluir tal palavra do meu vocabulário
Consigo até não pronunciá-la, mas não pensar nela me é impossível
Acho que tenha a ver com minha idéia particular de prazer
Todo prazer requer um estagio de preguiça
A letargia é um bem necessário
As manhãs de domingo
As tardes de férias
As noites de paixão (obviamente depois do ápice da paixão)
Quero entender a preguiça sem a pejorar
Preguiça como a recompensa da disposição
Então, depois te tais considerações
Me resta deseja que a segunda-feira

E toda a semana que segue
Seja de muita disposição
Assim, quando a próxima manhã de domingo chegar
Minha preguiça será ainda mais legitima

Aldo Masini

Vírus e Vermes

E não é que a Gripe A chegou mesmo por aqui?
Pois é, ontem (07/05) à noite os jornais televisivos noticiavam quatro casos já confirmados.
Era mesmo questão de tempo, afinal há pelo menos dez dias que a imprensa traz informações constantes sobre a inicialmente chamada Gripe Suína, que diga-se, pouco tem a ver com os porquinhos.
O alarido tem sido tanto que, além das tradicionais piadinhas, esqueceram-se os escândalos do Congresso com a farra das passagens aéreas e os saques imorais no cartão corporativo.
E falando em corporativismo, é de se conjecturar sobre a sorte desses vermes quando o Vírus H1N1 aporta por aqui chamando para si toda a atenção da mídia. E olha que nem precisava, afinal, segundo o deputado Sérgio Moraes (PTB), em um raro momento de franqueza, admitiu (e sinto que falou por pelo menos 80% de seus pares) estar se “lixando para a opinião pública”.
Quer saber, a Gripe Suína ou Influenza H1N1, como queira, é café pequeno, bem pequeno, quando nos lembramos de nossos “governantes”.


Aldo Masini

Os Cabelos de Vanessa

Ontem assisti pela televisão a uma apresentação da Vanessa da Mata.
Ô menina linda com aquela bocarra só dela, tão contraditória e insolitamente delicada.
Um sorriso de moça tranqüila de interior mesclando saber querer, alguma malandragem e muita, muita simpatia.
Não vi minha própria cara enquanto via ao show, mas a sentia e sei, pela emoção sublime que me corria as artérias, que minha cara era de bobo.
E aquela menina linda, de cabelos apaixonantemente lindos, ficou ainda mais bonita quando cheia de charme cantou “Joãozinho”, um poema musicado destinado às meninas de cabelos lindos que os insistem em alisar.
Grande Vanessa, me deu vontade de acariciar seus cabelos.

Aldo Masini

Chega de ficar de quatro

Será que esse bando de gente depravada, sem vergonha e mal caráter não se cansa de meter a mão no dinheiro do contribuinte?
As páginas A6 e A7 do jornal O Estado de S. Paulo de 29 de abril estão tomadas de matérias relatando “novos” detalhes da revoltante bandalheira no Congresso (
http://digital.estadao.com.br/download/pdf/2009/04/29/A7.pdf). Juro, não há como ler o que lá se encontra sem sentir as vísceras se contorcerem do legítimo desejo de sair distribuindo socos e ponta pés nas bocas desses bandidos.
Desculpem-me pelo desabafo, mas acho que a única linguagem que essa gente campeã de baixeza entende é a da violência.
A mesma violência com que são violentados nossos direitos à Saúde, Educação e Segurança; supostamente garantidos na Constituição.
Enquanto a sociedade não mudar de atitude deixando de achar "normal" que políticos continuem a fazer o que bem entendem com o dinheiro do contribuinte e REAJA de forma definitiva, continuaremos vítimas (e por que não dizer comparsas pela omissão) das farras cínicas e despudoradas desses bandoleiros travestidos de autoridade.

Aldo Masini

Só falta babar

Paranóia?
Distúrbio bipolar?
Encosto?
Sequela daquele tombo do qual nem se recorda?
Sei lá seus motivo e também (já) pouco me importam.
Porém, como sou curioso, resolvi fazer um coquetel de fluoxetina, ritalina e Jack Daniel’s para ver se atingia tal grau psicótico. Confesso que a viagem foi alucinante, de dar inveja em Carlos Castaneda, mas em momento algum me senti uma semi divindade onisciente que no momento seguinte se tornasse uma Madre Teresa açoitada.
Se estou precisando me tratar?
De jeito nenhum, já estou curado.

Aldo Masini

Das núpcias da soberba e a hipocrisia

Como quem se eleva acima de bem e mau,
posta lá sabe-se por quem além de si mesma,
disse-me impávida suas verdades revestidas de escárnio
e como se fossem todas elas insofismáveis, incontestes e irrebatíveis,
tomada de soberba,
acomodou-se em seu trono de cristal olhando-me de cima.


Como se toda essa repentina e imaculada retidão de postura
magicamente pudesse apagar o passado das buscas de sua boca e olhos,
lançou-me à cara com cara de náusea,
toda sua repulsa recém descoberta por mim,
imputa-me a pecha de tudo o que hoje é nojento ao seu paladar
e como juíza de incorruptível conduta, acusa-me de vampirismo.

Mas seu coração, branco e amoroso, indulgente e piedoso
concede-me clemente uma oportunidade de redenção.
Do extremo da altivez de quem sublimou todo e qualquer sentimento impuro,
estende-me sua mão recem lavada e perfumada
e, desde que não a toque,
me oferece seu tolerante perdão.

Te agradeço tamanha bondade
mas declino o convite ao baile de máscaras,
rendeu-me dor e solidão despir-me das minhas.


Quando me expus ao meu coração,
olhei para o abismo dentro de mim mesmo,
enfrentei solitário as sombras mais escuras que lá existem
e naquele mesmo instante, despi-me de toda hipocrisia.
Tenho pecados demais a reparar,
não vou acrescentar cinismo a este rol.


Aldo Masini

Medo x Covardia

Pela primeira vez falavam de amor.
A palavra surgiu despretensiosamente durante a conversa; causou algum desconforto pela surpresa de um e outro, mas sabiam, em seus íntimos, que cedo ou tarde ela surgiria, afinal, estavam envolvidos já havia quase quatro meses.
Ela estava radiante ao ponto de se permitir sonhar com noites em que não precisassem mais de se despedir, precedidas por manhãs em que acordassem juntos. Havia algum medo em seu coração, mas já era outro tipo de medo, não aquele, agora antigo, de se envolver. Estava mais para um tipo de tristeza antecipada, um “pré choro” caso aqueles sonhos não se confirmassem. Uma angustia ensaiada, uma depressão adivinhada, uma solidão intensa pré existente. E se ele jamais se decidir? E se ele jamais a assumisse como sua, como ela já se sentia?
Ele estava assustado. Acreditava no poder das palavras e agora era verdade, estavam “oficialmente” envolvidos com algo maior, algo que fugia ao controle racional, algo regido pela alma intangível, invisível, incorpórea mas ainda assim tão poderosa. Amor. Um poder absoluto sobre seu destino, sobre seus desejos, sobre suas ações. Se deu conta do quanto se sentia diferente, frágil e ainda assim melhor, melhor do que jamais soube ser, afinal, trazia dentro de si, pela primeira vez naqueles trinta e poucos anos, um sentimento realmente sincero, verdadeiro e transformador.
Continuaram ali, diante um do outro, os olhos fixos nos olhos do outro mas os pensamentos distantes até que dos olhos castanhos dela uma lagrima correu e o brilho lá existente até segundos antes deu lugar a uma sombra de desespero.
Ele empalideceu, conteve o nó na garganta mas o bolo no estomago só crescia. O que seria aquilo? Que fantasmas saltariam daqueles olhos que ele tanto amava para assombrá-lo pelo resto de sua vida?
Aquela única lágrima abriu caminho para outras, o choro convulso, a fuga. Correu dando as costas e no caminho só pensava em ir para o mais distante possível daquele que a faria sofrer. Não saberia lidar com a rejeição, não a dele, a quem tanto amava.
Ele ali, estático com mãos espalmadas, vazias. Olhos opacos, vazios. Boca semi aberta, respiração acelerada, surpresa e estupefação. Uma dor aguda e um esforço sobre humano para não cair de joelhos.
Ela se foi, ele ficou. Ela chorou, ele, nem isso conseguiu fazer, acovardou-se.

Aldo Masini

A travessia, fazê-la ou não?

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
(Fernando Pessoa)

Ousar fazer a “travessia” para não ficar-se à margem de si mesmo.
Bonito demais, mas algo cruel também, especialmente para aqueles cujos corações não trazem a semente da coragem.
Um novo caminho repleto de novidades imaginadas (o que não as torna em absoluto inverdades) que se pode avistar após um vale ou lago, um obstáculo qualquer que exista se interpondo entre o agora e o depois, nos confinando "à margem de nós mesmos".
A covardia nos engana os olhos e o vale se torna um deserto sem fim, o lago um oceano tempestuoso, o obstáculo qualquer uma geleira intransponível e assim o novo caminho, aquilo em que deveríamos nos tornar, continua sendo a versão marginal e conformada de nós mesmos. Mas o conformar-se é desfigurar-se de tal forma violenta, ao ponto mesmo de tornar-se irreconhecível.


Aldo Masini

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini