Se resolver usar meus textos para finalidades pessoais, por favor, tenha a delicadeza de citar a fonte.

É chuva também

É chuva sim
Pode molhar
Pode regar
pode fazer a sabiá se calar
pode fazer o menino correr

Se é serena; garoa
Mansa e calma
É chuva também
Molha devagar
Persiste
E, de tanto ser assim
Pode ser triste
A sabiá ainda canta
Já o menino lamenta

Se intensa e mais grossa
Na calçada
Vira enxurrada
Emborca o barquinho de papel
Mas o menino nem liga
Há todo um caderno pra sua esquadra
É chuva também
Lava o mundo por onde passa
Calçada, menino e barquinho
Rega o jardim e a árvore
Silencia a sabiá
Mas faz o menino sorrir

Quando chega carregada
Com cara de brava e poucos amigos
Tem nome de tormenta
Despeja águas e raios
Faz o menino correr
Escondido lá dentro de casa
Da janela vê os clarões
Das luzes dos trovões
Se admira com tanto poder
Que faz a sabiá também se esconder

No fundo (e no raso)
É tudo chuva
Água abençoada vinda do céu
Pode molhar
Pode regar
Pode fazer sorrir
Pode fazer chorar
Depende só
De como você a sente


Aldo Masini

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini