Se resolver usar meus textos para finalidades pessoais, por favor, tenha a delicadeza de citar a fonte.

Das imagens e as palavras

"A leitura responsabiliza muito menos que a palestra; e esta menos do que a imagem. Na imagem aparece a lógica do conteúdo com mais intensidade ."
(Agustina Bessa-Luis)


Mas, segundo nosso primeiro boçal, “as imagens não falam por si”.
Tá certo, alguém pode dizer que chega a ser covardia comparar o pensamento desprovido de qualquer refinamento de um analfabeto funcional com o de uma das mais consagradas escritoras da contemporaneidade portuguesa e, de fato, não é justo.
Recorramos então ao que diz a boca do povo (mesmo povo que supostamente confere ao tal boçal uma popularidade recorde de 80% de aceitação):
“Uma imagem diz mais que mil palavras”.

Aldo Masini

Desabrochar para a chuva

Invernou em pleno verão
E a garoa insiste, persiste
Molha os canteiros e as aves
Molha os caminhos por quê caminha
Molha seus cabelos
Molha meu olhar
Mas a sabia se chacoalha e volta a cantar
Os botões do canteiro,
Como que orvalhados
Em flores coloridas vão se abrir
Já seus cabelos vão se enrolar
E nos seus cachos embaraçar meus sonhos
Quem me dera fossem meus dedos a se enroscar
Talvez somente meu olhar os venha tocar
Mas que ele encontre também seus sorrisos
Que como os botões do canteiro
Esse versos façam desabrochar

Aldo Masini

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini