Se resolver usar meus textos para finalidades pessoais, por favor, tenha a delicadeza de citar a fonte.

Sem uma estória que valha a pena contar, minhas mãos jazem tristes

Será cansaço?
Vai tão além do físico.
Mas, poderia a alma também cansar-se?
Esse peso de tudo e em tudo
Que torna o respirar dolorido,
põe uma constante lâmina d’água no olhar,
distâncias intransponíveis em tudo que almejo
e a vontade de desistir é sempre mais convincente.
Sinto a tristeza em mim e nem ela me diz de onde vem
Mas vem, me toma pela mão como quem pede socorro
Ela também está perdida, cansada, sozinha.
Sorrisos alheios acenam alguma esperança
Mas ela própria não se convence, não se sustenta
Questiona a validade do dia e à noite será lembrança
Minhas mãos há tanto trêmulas e fracas
Repelem copo e caneta
companheiros de outras crises
Volto a elas o olhar molhado
Estão tristes também
Se sentem menores do que foram quando
o vigor em mim me permitia sonhar
Ambos se acabaram, vigor e sonhos
Não há mais trabalho para as mãos
Não restou-lhes o que construir, o que cavar
Pior, uma história que valha a pena contar não restou
Se foi a alma quem se cansou
Contrariando o que pensei, ser ela energia pura,
Tomara tenha também errado julgá-la eterna

Aldo Masini

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini