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Hipótese do bem querer transitório - conjecturas empiristas

(exercício intuitivo livre de qualquer rigor científico)

É quase senso comum a afirmação de que tudo aquilo, bom ou mau que fazemos a outro, acaba por voltar para nós.
Sem qualquer intenção de desprezar aquela nossa porção mais obscura, por ver no eventual desprezo um sério risco de perder o pouco controle que mantenho sobre ela, prefiro, por hora, me ater somente à porção clara. Deixemos de lado o outro lado.
Obvio está que por tratar-se de coisas da ordem do sentir, ninguém espera receber seu quinhão de retorno na forma de uma encomenda via Sedex; me parece mais que as expectativas sejam relacionadas a algum tipo de acontecimento normalmente atribuído à sorte, como receber um aumento inesperado ou um desconto n’alguma loja ou produto que nos interesse particularmente. De minha parte costumo esperar por fins de semana de sol, onde possa ir a algum bar encontrar com amigos; meu conceito pessoal de felicidade, tema sobre o qual também penso valha a pena um dia me debruçar.
De qualquer forma, quando nos ligamos demasiado ao consenso do retorno sobre o “bem” que se oferece, penso que o anseio pelo mesmo acabe por se fazer mais intenso em nossos corações. É como se fizéssemos um acordo de permuta semi inconsciente com o destino – sou simpático com a recepcionista e quem sabe sofro menos com o dentista.
Nesse caso até pode ser, a ciência nos diz que a endorfina tem propriedades anestésicas e um papo mais descontraído e bem humorado com a recepcionista do dentista poderia sim produzir um afluxo extra desse anestésico natural na corrente sanguínea e, como consequência, tornar o tratamento menos dolorido.
Mas, se a “recompensa” esperada fosse de outra ordem, econômica, por exemplo, nada, absolutamente nada, garantiria sua realização.
Esse “acordo” com o universo é pura imaginação.
Penso que o prazer de se praticar a simpatia, a cordialidade, a boa vontade, esteja no próprio gesto. Donde me faz entender como necessário o deslocamento da nossa atenção no universo externo para o universo interno. Isto é, no lugar de criarmos expectativas de recompensas, sejamos mais atentos aos efeitos do sorriso, da gratidão, da cordialidade retribuídas; observemos em nós mesmos os efeitos do exercício do bem que praticamos. Aquela sensação de estarmos em harmonia com o bom, com o correto, com o civilizado.
Isso é evidente quando entre amigos. O bem estar de nossos amigos se confunde com o nosso próprio bem estar. É como se nos contagiássemos de seus sorrisos, de suas euforias. É por isso que em nossas preces é usual pedirmos por aqueles a quem amamos. A segurança de nossos amados se traduz em paz para nossos corações, alimentando assim a ciranda inconsciente do bem querer.

O bem estar daqueles a quem queremos bem, mais do que nos fazer bem, se torna necessário, ao ponto mesmo de, caso não se realize, minar nosso próprio bem estar. Isto é, da mesma forma com que a alegria de quem amamos nos contagia, suas tristezas, preocupações e angustias também nos afetam negativamente. Tais sentimentos, mais do que transitar através dos laços que nos unem, reforçam esses laços e têm inclusive o poder de criar novos, como acontece quando fazemos novas amizades.
Não sei de experimentos científicos que comprovem ser nossas emoções uma onda como o som, por exemplo, mas não preciso da ciência para me convencer de certas coisas que meus sentidos (mais do que minha razão) me demonstram.
Claro que não tenho a pretensão de que minhas convicções se tornem convicções de outros, assim, deixo aqui a proposta para que se teste a “hipótese do bem querer transitório”.
Em 2011 não se limite aos exercícios físicos, experimente também exercitar o “bem querer” por meio da cortesia, da gentileza, do sorriso e fique atento aos resultados, não somente na reação provocada no outro, mas também nos efeitos dessas reações em você mesmo. Espero sorridente que se surpreenda tanto quanto eu mesmo, que tenho sido agraciado com incontáveis bons momentos e novas amizades absolutamente prazerosas.

Aldo Masini

Dos nossos limites e limitações

Deputados e Senadores aprovaram aumentos de seus próprios salários sob o olhar complacente do presidente do povo, cuja única manifestação foi, na melhor das hipóteses, irônica, “para o Lulinha aqui nada” (aludindo ao inicio da vigência dos novos salários).
Qualquer “abestado” (para o usar o jargão de um dos nobres deputados que mais comemoraram a noticia) sabe, por A + B, que esse é o preço do apoio à sucessora de Lula. Preço que infelizmente será pago por todos nós.

Na outra ponta da “cadeia alimentar”, por “pressão” do Ministério Público Estadual, a Prefeitura de São Paulo vai regulamentar a atividade de “flanelinha” elevando-a ao status de profissão. Isto é, vai-se regulamentar a extorsão, transformando bandidos em trabalhadores honestos (como dizia um professor do cursinho, não importa a origem do dinheiro, se for oferecido à tributação, passa a ser dinheiro “limpo”).

Essa mesma Prefeitura abriga fiscais que, de dentre suas fileiras, emergem como quadrilhas para extorquir camelos e outros que tais em detrimento daquilo que seria o mote da existência de sua função, fiscalizar, chegando mesmo ao ponto de matar para proteger seus “ganhos”, conforme noticiado ontem (15/12) pela mídia.

Daí me pergunto e te pergunto, até onde a sociedade como a conhecemos (ou imaginamos) pode suportar?
Que ética os jovens pais devem ensinar a seus filhos, quando a malandragem é recompensada não só nas extremidades mas também ao longo de toda a extensão da hierarquia das casas políticas?
Como convencer os jovens eleitores a se politizarem para que a democracia seja, antes de um direito, uma responsabilidade?
Como evitar o desejo de entregar o pontos ao reconhecer que o mal da corrupção está em todo e qualquer lugar e que nada se pode fazer sem passarmos pelo viés da violência?

Sei que para aqueles que me conhecem mais de perto, o natural seria estar-lhes enviando textos natalinos, por isso peço que me perdoem o desabafo, mas hoje estou, na melhor das hipóteses, emputecido.

Aldo Masini

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini