Se resolver usar meus textos para finalidades pessoais, por favor, tenha a delicadeza de citar a fonte.

Cada um vê a vida à sua propria maneira

Conheci na faculdade, nesse curso tardio de graduação em que me meti, não um, mas dois colegas de classe daltônicos. Me lembro de ter conhecido outro quando mais jovem mas nunca cheguei a dar-lhe muita atenção.

Com esses dois da atualidade porém, é bem diferente. Conversamos bastante, inclusive sobre as cores e, por comparação, em quê diferem, na forma como eles as vêm de como eu as vejo (ou penso ver).

Há um deles com quem interajo mais, por isso sei que gosta de fazer trilha e acampar. Gosta de praia e de natureza e a forma como me conta de suas viagens, do que viu e de como aproveitou ocasiões especiais, não me deixa dúvida de que as arvores que ele vê, o mar que ele vê, o céu que ele vê, mesmo que sejam de tons diferentes dos que eu vejo, ainda são arvores, mar e céu, e oferecem a ele o mesmo encanto que a mim. São as arvores, o mar e o céu em sua versão particular onde a cor pode ser diferente, mas a essência e a satisfação que lhe oferecem são as mesmas que experimento. Isto é, a forma como ele interpreta e sente tais elementos nas cores que seu olhar é capaz de ver não os torna irreais para ele ou para mim. Ao contrario, dão para ele uma sensação única, ou alguém duvida do quanto pode ser especial enxergar o mar em tons de rosa, ou as árvores em tons de purpura?

Falando de um outro modo, o que seria da poesia se Fernando Pessoa visse as palavras como eu as vejo? O que seria da musica se Villa Lobos ouvisse as notas da mesma forma que eu as ouço? O que seria da pintura se o espectro de cores fosse para Van Gogh o que é para mim? E por falar em pintura, o que seria d’O Beijo se Klimt interpretasse os beijos como eu os interpreto?

A pluralidade de interpretações pessoais advindas dos sentidos de cada um enriquece a vida. Pasteurizar a visão, a audição, os sentidos todos em padrões, seria equivalente a transformar a arte em mera reprodução, seria fazer da vida o mesmo lugar comum a todos nós.

A. Masini

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O aprendizado se dá por tentativa, erro e a correção do erro. No meu modo de ver, o erro é uma ferramenta de aprimoramento. Assim, te convido a deixar seu comentário. Abraço, Aldo

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini