Se resolver usar meus textos para finalidades pessoais, por favor, tenha a delicadeza de citar a fonte.

Sedutora senhora

Confesso não me lembrar claramente quando foi a primeira vez em que te pousei meu olhar, mas é certo que desde então sou seu cativo, cativo de seu hipnótico brilho natural, de suas curvas e formas angulosas, dos teus tantos segredos e dos sonhos que me inspira.

Já há tanto tempo dura esse fascínio, que me sinto à vontade para fantasiar que, quem sabe, também se comprazes com minha admiração inconteste, com o olhar seduzido com que te percorro em busca de seus mais delicados detalhes. Me atrai imaginar que quando, nas raras oportunidades (raras inclusive por sua presença) que excepciona nosso acordo noturno e, fora de hora, me venha encontrar à luz do dia, o faz unicamente para aplacar minha saudade e solidão.

Sim minha senhora, solidão, especialmente nas noites em que me dá as costas restando escuros meus caminhos. Nas noites em que não te vejo, uma sombra de abandono, fria e estéril é quem me acompanha. Há menos luz no meu mundo, menos encanto e magia, menos de tudo em tudo e até a natureza parece silenciar, os seresteiros se calam, os cães se entristecem, os grilos se aquietam, as mariposas se perdem.

Mas Deus te fez generosa, então, sempre volta, aos poucos, mas por inteiro e novamente me inebria com sua presença. Se revela por completo e sem pudores, se expõe vaidosa ao exame dos meus olhos como que sabedora do quanto os agrada, do quando me agrada cada marca que a vida produziu em seu luminoso corpo, nelas me perco em devaneios imaginando como surgiram, que evento produziu tal ou qual das cicatrizes que ostenta; elas também me seduzem, me conduzem por viagens no tempo e espaço onde jaz guardada a parte oculta da sua história, da sua juventude não revelada.

Noutras vezes se mostra mais tímida, me segreda um sorriso quase imperceptível que penso somente eu assim o vejo. Ficamos então em silêncio, você por ser a quietude de sua natureza, eu, por me perder em meus pensamentos tentando encontrar novas formas de melhor reter as suas por mais tempo em minha retina.

E assim tem sido nosso caso de amor, amor platônico que não admite o toque dada a distância que nos separa. Eu aqui, preso a terra e você, em seus ciclos próprios, orbitando meu mundo.

Ah fosse eu selenita!

















A. Masini

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O aprendizado se dá por tentativa, erro e a correção do erro. No meu modo de ver, o erro é uma ferramenta de aprimoramento. Assim, te convido a deixar seu comentário. Abraço, Aldo

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini