Se resolver usar meus textos para finalidades pessoais, por favor, tenha a delicadeza de citar a fonte.

Atenção com os sorrisos

- Você não sabe o que me aconteceu ontem.

- Bom, saber eu não sei, mas imagino. Acordou, escovou os dentes, tomou banho...

- Não tonto.

- Não? Porco.

- Cala a boca e me deixa contar.

- Ah tá, ai sim vou saber.

- Você é cheio de graça né?

- Faço o possível para alegrar.

- Então ouve. Parei para tomar um chopinho em um daqueles quiosques do shopping...

Interrompendo – chopinho no shopping? Que evolução hein querido?

- Me deixa contar porra?

- Ok, vai lá.

- Estava um fim de tarde muito quente e o quiosque estava lotado. Então me acomodei como pude em um cantinho do balcão...

Dessa vez gesticulando pedindo aparte, interrompeu – Isso está ficando pior que tratamento de canal Gabriel. Tem certeza que quer continuar?

- “Cazzo” Johnnie, dá para me deixar contar a história?

- Tá certo, continua a novela.

- Então, estava lá tomando meu chopinho calmamente quando uma morena lindíssima se aproximou.

- Ahã... lindíssima? No quiosque do shopping?

De cara fechada – É, era lindíssima sim.

- Ok, tudo bem, você é meu amigo e em amigo a gente tem de acreditar né?

- Palhaço. Retomando, ela me perguntou se podia pegar o banquinho que estava ao meu lado. Eu disse que sim, porque não iria utilizá-lo.

- Ela estava sozinha?

- Não, com mais duas.

- Ai não dá jogo.

- Pois é. Mas aí, uma moça do próprio quiosque, ainda mais bonita que a primeira morena, de dentro do balcão afastou meu copo para acomodar os cardápios. Então eu disse que sairia dali para não atrapalhá-la.

Fingindo bocejar – Falta muito para terminar? Acho que já está passando o efeito da anestesia.

Fingindo não ter se aborrecido com outra interrupção – Então ela abriu um sorriso lindo e disse “sair por que, me ter por perto é assim tão ruim?”, e eu respondi, claro que não, ao contrario.

Agora com alguma animação – Chamou a moça para te acompanhar?

- Chamei.

- Boa Anjo, agora sim a coisa tá melhorando.

- É, mas chamei em tom de brincadeira, tipo, pega um chopinho então e vem beber comigo.

Com cara de desanimo – Tom de brincadeira Gabriel? Vacilão.

- É, mas ai ela virou pra mim e disse “agora não posso, mas se você puder me esperar até meu expediente acabar, eu aceito o convite”.

- E você esperou né?

- Não, eu tinha um compromisso.

- Com outra moça espero.

- Não.

- Porra Anjo, marcava de voltar depois. Explicava a situação para menina e combinava de encontra-la mais tarde.

- Eu pensei nisso, mas achei que ela estava brincando sabe, tipo, querendo ser simpática.

- Maninho, e se estivesse, qual a diferença? Ela esclareceria, vocês ririam juntos e ficaria tudo bem.

- Então, na hora eu nem pensei nisso.

- No que você pensou?

- Sei lá, que se eu me propusesse a encontra-la mais tarde e ela não estivesse falando sério eu faria papel de bobo.

- Por que você acha que ela quis ser simpática com você?

- Porque o trabalho dela requer que seja.

- Você não está de todo errado, o trabalho dela realmente requer que seja simpática, mas com os clientes.

- E eu era o quê Johnnie?

- Veja, quando ela condicionou o aceite do seu convite ao término do expediente, deixou claro que não seria a funcionária e o cliente, mas apenas você e ela, livres da relação comercial.

- Então você acha que ela realmente se interessou por mim?

- Acho que sim.

- Porra Johnnie, sério?

- Maninho, você é uma cara legal, interessante, bonitão. Por que o espanto?

- Acho que tenho andado meio distraído. De verdade, não imaginei que ela pudesse estar me cantando.

- Gênio. Você é tão esperto para algumas coisas e para outras é um completo lesado.

Rindo – Se já te pareci lesado só por ter deixado a cantada da gata passar batido, nem vou te contar para onde fui quando saí de lá.

- Ah, mas vai mesmo. Qual foi o tal compromisso tão importante que te fez perder a morena sorridente?

- Tinha horário no dentista.

A. Masini

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O aprendizado se dá por tentativa, erro e a correção do erro. No meu modo de ver, o erro é uma ferramenta de aprimoramento. Assim, te convido a deixar seu comentário. Abraço, Aldo

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini