Se resolver usar meus textos para finalidades pessoais, por favor, tenha a delicadeza de citar a fonte.

Banho de/na consciência

- Dorme aqui hoje Alice, já é tarde. Pra quê ir embora agora?

- Melhor não querido, tenho de estar em casa cedo.

- Amanhã é sábado, o que você tem pra fazer?

- Fiquei de levar minha mãe ao mercado.

- Ponho o relógio para despertar as oito, enquanto você toma um banho eu faço o café e no máximo as nove você está em sua casa.

- Te conheço mocinho, você não vai me deixar sair da cama com essa facilidade.

- Convencida.

- Além do mais você ronca.

- Tá doida? Até parece.

- Doida nada, todo mundo sabe que você ronca.

- Ok, você dorme no outro quarto.

- Bobo, se for para dormir no outro quarto eu durmo no meu.

- Li, eu fico preocupado de você ir embora sozinha a essa hora.

- Você é um fofo, mas prefiro não acordar ao seu lado.

- Agradeço pela honestidade Alice mas, porra, isso machuca sabia?

- A gente já falou sobre isso.

- Você acha mesmo que o Gabriel jamais desconfiou de quê já ficamos juntos?

- Ele te perguntou alguma coisa?

- Não. Claro que não. Mesmo que perguntasse.

- Não sei se ele é discreto ou não tá nem ai.

- Você ainda gosta dele né?

- Você nem imagina o quanto. Por isso não quero viver a experiência de acordar ao lado de outro cara.

- Por que você ainda transa comigo Alice?

- Porque confio em você e sei que você sabe separar essas coisas.

- Será que sei? Eu adoro transar com você, mas não me sinto mais confortável com essa situação.

- Tá bom, tá bom. Transo com você porque você é gostoso.

- Eu falei sério Li. Você não é como as outras.

- Mas é justamente por saber que para você não sou como as outras que gosto de estar com você. Não estou te entendo. O que o incomoda?

- Sei lá, a gente tem tanta intimidade, mas você é apaixonada pelo meu melhor amigo.

- Ele só me vê como amiga, a irmã morena dele, como ele já disse tantas vezes. Você, apesar de amigo, me vê também como mulher.

- Na verdade não é por ele, é por mim.

- Xi, que papo é esse? Você se sentindo usado?

- Ah, cala a boca. Não é nada disso.

- Fala sério, você tá incomodado por que eu sou apaixonada pelo Gabriel ou por que nunca me apaixonei por você?

- Ridícula. A gente não daria certo Alice. Nos conhecemos bem demais. Em alguns aspectos somos até bem parecidos.

- Isso é verdade. Não daríamos certo. Especialmente porque você não conseguiria me enrolar né? (risos)

- Você e o Anjo são minha família. Não gosto nem de pensar que eu poderia magoar um de vocês. Qualquer um de vocês.

- O que está havendo Johnnie? Fala comigo. Até hoje você não me disse por que se mandou para aquele fim de mundo.

- A vida tá passando Li. Tenho me questionado quanto ao tipo de vida que tenho levado.

- Ô querido, será que enfim o meu menino está amadurecendo?

- (risos)... vai tomar banho Alice. Palhaça.

- Vou, literalmente. Depois vou-me embora.

- Teimosa pra cacete viu. Tá certo, tomamos um banho depois eu te acompanho até sua casa.

- Tomamos não senhor. Eu aceito que me acompanhe, se for para me deixar ir embora, mas o banho eu vou tomar sozinha.

- Ah Li, deixa de ser ruim pra mim. Prometo que me comporto.

- Promete né?

- Prometo.

- Então vamos, mas vai ter de se comportar mesmo. E me obedecer.

- Huummm, adoro te obedecer, principalmente no banho.

- Safado. Pelo visto sua crise de consciência já passou né?

- Pois é, passou. Assim que te imaginei ensaboada.

A. Masini

No comments:

Post a Comment

O aprendizado se dá por tentativa, erro e a correção do erro. No meu modo de ver, o erro é uma ferramenta de aprimoramento. Assim, te convido a deixar seu comentário. Abraço, Aldo

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini