Se resolver usar meus textos para finalidades pessoais, por favor, tenha a delicadeza de citar a fonte.

Olhar domesticado

- Você é impressionante. Não tem jeito mesmo né João Marcelo?
- Que foi lindona?
- Não pode ouvir um “tóc-tóc” de saltos altos que já se vira para procurar.
- Desculpa Cris, é automático.
- Cara de pau.
- Cara atento querida. De instintos aguçados. Não sou escoteiro mas estou “sempre alerta” – risos.
- Você não presta isso sim.
- Não presto pra quê gostosura?
- Seu cínico.
Sorrindo – você sabe que cínico vem do grego e quer dizer cachorro?
- É a sua cara. Um cachorro vira-latas
- Sendo eu então um cachorro, você não deveria se preocupar, não há animal mais fiel. Só precisa me dar carinho.
- Os domesticados pode até ser.
- Ser vira-latas é parte da minha natureza, minha Cocker
- Cocker?
- Spaniel.
- Hã?
- É, tipo a Dama e o Vagabundo da Disney. Lembra?
- Safado, você distorce tudo.
- Considerando nossas noites, penso que ser safado também é da minha natureza – ainda rindo.
- Deixa de ser cafajeste João Marcelo.
- Adoro quando você me chama de cafajeste; me excita sabia?
- Eu devia era te dar um soco na cara, seu cretino.
- Huumm... só de imaginar essa mãozinha delicada me socando chego a arrepiar. Para com isso ou vou querer ir embora já desse shopping.
- Ainda vou te domesticar João Marcelo.
- Se me domesticar querida, logo perderá o interesse por mim.
- Preciso domar nem que seja só o seu olhar.
- Você sabe que me mudar, mudaria o cara por quem se apaixonou. O que te encanta em mim deixaria de existir.
- Eu estou falando sério. Você não me leva a sério né?
Mudando o tom – Levo sim Cris.
- A gente tá junto não tá?
- Claro que sim. Não é a sua mão que estou segurando? Não foi na sua cama que amanheci?
- Hoje né?
- Meu anjo, que insegurança boba é essa agora?
- Você me deixa assim. Não pode ver uma perua peituda de saltos altos jogando os cabelos que fica todo assanhado.
- Minha linda, essa é você.
- Não sou perua.
- Mas tem seios lindos, e seus cabelos, especialmente quando despenteados, são uma festa para os meus olhos.
- Festa para os seus olhos é um par de pernas.
- As suas são perfeitas; minha festa particular quando envolvem minha cintura.
- Você olha pra tudo que é mulher.
- Pode ser, mas só você eu olho nos olhos.
- Você ainda me acha atraente?
- Você é um encanto de menina.
- Menina?
- Um encanto de menina e um tesão de mulher.
- Você é um filho da puta de fala mansa.
- Boca suja. Isso também me enlouquece em você.
- Você vai me deixar não vai?
- Um dia, pode ser; como pode ser que você me deixe. Além do mais, não somos eternos, um dia a gente morre e deixa tudo.
- Se for pra me deixar eu prefiro que você morra.
- Mas se a gente permanecer, vou mesmo preferir morrer primeiro. Seria muito solitário ficar por aqui sem você.
- Ah Johnnie! Você diz mentiras lindas. Me leva embora desse shopping agora. Me deu uma vontade filha da puta de te meter a mão na cara; seu cafajeste.

A. Masini

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O aprendizado se dá por tentativa, erro e a correção do erro. No meu modo de ver, o erro é uma ferramenta de aprimoramento. Assim, te convido a deixar seu comentário. Abraço, Aldo

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini