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Reflexão de Natal

Penso que estejamos vivendo tempos em que a opulência tornou-se necessidade. Nada parece ser bastante.

Sofremos por protelar uma alegria que, vivendo assim, jamais experimentamos e como consequência vem essa espécie de “carência criada”, essa constante inquietação de “querer sempre mais”; quando nesse ponto, jazem vazios nossos corações. Vazio que fere a alma e envenena a essência; nos faz indiferentes às relações de amor verdadeiro, à família e até aos valores éticos, ética no sentido próprio, a “arte do bom”.

Vazio advindo do esquecimento, vez que nos esquecemos como é ser feliz com o simples, com o frugal, porque a moda, essa eterna sedutora, os distorceu aos nossos olhos, atribuiu-lhes sentido negativo e o simples, o frugal, deixaram de ser sublimes para se tornarem sinônimos de fracasso, de derrota.

Com isso tentamos, em desespero, suprir a “necessidade criada” de sermos reconhecidos nos bens que acumulamos, nas farras etílicas e gastronômicas a que nos entregamos, nos objetos desnecessários que possuímos, no numero de romances de uma noite a que nos lançamos.

Por termos esquecido quem somos em essência, desaprendemos a reconhecer a essência do outro e até mesmo a olhar-lhe nos olhos; esquecemos como é reconhecer e sentir através da empatia. Já não ousamos sequer tentar vestir a pele do próximo para experimentar seus incômodos, seus medos, suas necessidades. Distanciamo-nos do próximo. Centramos nossa atenção cada vez mais em nossos próprios umbigos nos esforçando para adorná-los com “piercings” de diamantes onde possamos anestesiar, por hipnose, as buscas inconscientes dos nossos olhos.

Assim, a essência do Natal dilui-se em espumantes caros e qualquer culpa inconveniente que fortuitamente nos reste é prontamente sufocada com farofa e pernil. Com taças de cristal fino brindamos sofismáticos o espirito do Natal que há muito apenas nossas palavras praticam, e embora seja apenas o líquido nelas borbulhante que eventualmente traga o nome dessa ou daquela “viúva”, a orfandade já atingiu a todos nós.

A. Masini

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O aprendizado se dá por tentativa, erro e a correção do erro. No meu modo de ver, o erro é uma ferramenta de aprimoramento. Assim, te convido a deixar seu comentário. Abraço, Aldo

Às vezes

Às Vezes


Às vezes,
minhas palavras não são capazes de traduzir com clareza tudo em que penso,
aquilo que sinto
e menos ainda o quê me vai na alma...
Às vezes,
meus pensamentos correm rápidos demais e não consigo acompanhá-los,
meu coração bate rápido demais,
como se desejasse fugir de dentro de mim,
ganhar independência, vida própria.
Às vezes, é minha alma que deseja correr,
partir para longe,
longe desse coração que sente e se ressente,
longe desse corpo que envelhece e se condói,
longe desses tantos pensamentos conflitantes,
longe dessas palavras que se perdem em enganos grosseiros
longe de tudo que macule o amor puro e branco
que minha alma tem pela vida.

A. Masini


Um mundo novo por detrás das palpebras

Um mundo novo por detrás das palpebras


Te enxergo tão bem quando de olhos fechados
que quando os abro,
nos efemeros instantes que ainda dura o lume do seu sorriso,
um mundo novo se descortina diante minha retina.
Nele, tudo é mais vivo
tudo é mais iluminado
tudo é mais colorido.
E minha vida,
a que ainda restou dentro de mim
me diz que esse bocado de existência,
sensivel apenas por suspiros
ou lágrimas fugidias desses mesmos olhos quando ha mais tempo abertos,
pode valer a pena
se o piscar dos meus olhos for mais lento, mais freguente
porque só quando os fecho
consigo observar o que há dentro de mim,
no centro do que sou.
Lá, você ainda permanece a mesma,
que um dia por mim também se apaixonou.

A. Masini


Apartados (antes mesmo de unidos)

Aparados



De onde vem esse seu poder de transformar meus dias? De reunir cada uma das nuvens escuras de chuva e fazê-las dissipar, para em seguida, surgir o sol, iluminando cada canto escuro de minha alma atormentada?

De onde vem esse encanto, que me faz depositar cada uma das minhas esperanças nos sonhos que seus sorrisos me promovem?

De onde vem esse sentimento que me invade os olhos, corre por minhas veias, toma meu corpo e se instala em festa em meu coração a cada oportunidade que tenho de te ver?

Que coro angelical é esse que canta pra mim sempre que te ouço?

Que mulher é você, que parece ter sido feita sob medida para meus abraços, beijos e carinhos?

Que vida afinal é essa, que apesar dessas tantas coisas que me põem na sua direção, ainda assim nos manteve apartados de tudo isso?



A. Masini